quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Bem vinda a epoca de praias.

Curtindo uma caminhada na praia.


Com a chegada da época de calor no estado, atrações e passeios envolvendo água se tornam boas pedidas.  Assim, nossa equipe selecionou e, claro também vivenciou a escolha para que você leitor, saiba onde possa passar seu verão com conforto, alegria, curtindo sombra e água fresca.

Iniciamos uma fase prévia de análise de praias e opções disponiveis, elencando tres alternativas de roteiro.

  • Praia de Cidreira: Um dos melhores destinos do Litoral Norte Gaúcho, possuindo toda uma infraestrutura fabulosa, desde um imenso estádio de futebol, centro, bares e a concha acústica, para finalizar um amplo espaço de areia com vento nordeste e o tradicional mar chocolate gaúcho, esta opção logo dispontou na liderança quando pensamos em nosso pacote a beira da praia, porém ainda consultamos mais algumas agencias de viagens e coletamos maiores informações para decidir.
  • Praia de Torres: Sem dúvida a mais bela praia do RS, na divisa com o estado de Santa Catarina, molhes,guarita,praia grande, são alguns dos nomes de praias disponiveis, possuindo uma area de conservação no parque da guarita, além do tradicional espaço com prédios, apartamentos, shoppings e afins que tomou conta das praias do RS no litoral norte, esta opção nos fez ter dúvida em mente sobre qual destino seguir.
  • Praia de Fora em Tapes. Agora sim temos um diferencial, uma praia de água doce, deserta, isolada de um centro urbano, mas com a magnifica cidade de Tapes nas proximidades e na outra margem da lagoa dos patos a maravilhosa cidade de Mostardas como ponto, um destino belo e diferente cai sobre nossas opções, sem falar na lagoa dos patos, a grande estrela da jornada, sendo um ambiente único no mundo, encantador, rico em paisagem, cultura e história.
De posse dos destinos mais badalados para estaação de Verão 2018/2019, escolhemos Tapes como Destino em virtude das qualidades citadas acima e la fomos com nossa equipe a fim de proporcionar estas incriveis dicas para você querido Leitor.


Tapes conta com diversas praias, uma mais bela que a outra, conforme imagem disponibilizada acima. Realizamos a viagem no feriado de finados, assim  como teriamos em teoria dois dias para caminhar, nosso objetivo seria ir até o Pontal Santo Antônio, após a praia do Biru, estreiro de terra no outro lado das margens da lagoa na cidade de Tapes. O Pontal é o ponto mais extremo desta  enseada, local isolado, com lendas sobre Jacarés existentes na parte final deste estreito pedaço de terra o qual gostariamos de descobrir. 

Ao longo das praias e pontos existentes na enseadas existem acampamentos de pescadores improvisados para abrigo e utilização em epoca de pesca, existe o camping do seu Villi, abandonado pelo que locais nos informarram, porém com o que restou de estrutura la, são diversos lugares de beleza impar. Nosso Objetivo seria no primeiro dia caminhar até o local chamado ponta do pinho.

No segundo dia irmos da ponta do pinho para o Pontal, regressando no pinho e voltando no terceiro e ultimo dia. Fazendo o percurso de ida através da praia de fora e o de dentro na praia que leve este nome.

As duas grandes faixas de arreia da enseada de Tapes recebem estes nomes, "fora" e "dentro", fora seria o lado que obviamente esta para fora da cidade de Tapes e "dentro" a margem direcionada a cidade.

Abaixo uma imagem ampliada para se ter ideia da localização do pontal e dos arredores da lagoa.

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Local chave selecionado para acampamento, a ponta do pinho. Este lugar permite ver o nascer do sol na margem de Mostardas, praia de fora e o por na margem da cidade de Tapes.No mesmo existem cabanas usadas por pescadores.

Após toda a importante coleta de informações que realizamos, bastava apenas um procedimento básico e trivial para que tudo fosse concretizado. Partir.

Para lá fomos então iniciar esta viagem de verão e curtir a maravilhosa praia de Fora em Tapes. Após uma viagem tranquila de carro, deixamos o mesmo em camping no balneário da Pinvest, localidade próxima ao ponto de partida caminhando.

Como sempre levantamos minunciosamente todos os pontos, riscos e itens básicos, partimos com alguns integrantes de nossa equipe caminhando tranquilamente, sem levar consigo um item básico. Água. Exatamente, partiamos para uma especie de caminhada no deserto ou a terra santa e nem todos levavam água suficiente, alguns nem levando creio.
Isto teve um preço alto logo no primeiro dia.

Saimos caminhando pela beira da lagoa, porém, na parte de estrada, pois andar na areia é algo extremamente cansativo e nada confortável. De certa forma antes de iniciar estavamos subestimando a jornada, pois alguns membros da equipe estavam acostumados a caminhar e a realizar este tipo de ativdade subindo trilhas com mil metros de elevação, se tratava de uma caminhada no plano, sem aclives e declives, porém sem água também, com um ambiente de muito calor pelo sol e praia, mais o fator da areia para se caminhar em certos momentos.

Chegamos até o rio jacarezinho, onde cruzamos o mesmo pela estrada e ingressamos na mata de pinus. Após o Pinus, fomos para o eucalipto e dele voltamos ao pinus, até chegar em uma estrada, descobrimos no outro dia que esta área toda é de uma grande fazenda.

A caminhada em si se torna chata, anda-se dentro da imensidão de pinus com os pés afundando certos momentos. Após isto anda-se um periodo em estrada de chão batido até uma porteira.

Tentando tomar água retida no Cactus.

Acampamento de pescador

Prainha bem legal no acampamento de pescador.

Após passar a porteira há uma ponte sobre um canal que desemboca na lagoa.

O Trajeto todo em si não oferece dificuldade de encontrar ou se manter em uma trilha, pois de fato não existe esta, basta andar pelo caminho na proximidade com a Lagoa. Após a porteira segue se ainda uma especie de estrada que irá contornar e acessar o outro lado da enseada ja na praia de dentro.

Optamos por um caminha alternativo, em virtude da areia e do sol, foi encontrado no wikiloc uma trilha que realizava um acesso antes por dentro da mata de Pinus, atravessando os comoros de areia direto para praia de fora.



Cruzamos os pinus chegando a praia de fora então. Chegando lá o cenário é apocalíptico, lembra algo de filme, algo remoto e deserto, apenas vento, ondas da lagoa, a faixa de areia e as margens.

Acredito que o psicológico pode ser muito abalado em um local como este, por ser novo, desconhecido e este fator de isolação é muito comum na primeira vez que realizamos uma trilha ou um percursos nos depararmos com o novo e, não conhecer o caminho, então, fatores como uma certa adrenalina, não saber o que vem pela frente no cenário, tomam conta do imaginário e estimo que este fator psicológico possui grande contribuição para o sucesso seja de qual for a jornada ou desafio.
É comum ouvir de montanhistas experientes de altitude que o fator mental e psicológico é o mais importante em um acesso de grande altitude e considerável tempo em montanha, bem como relatos de montanhistas no Aconcágua ou Everest que afirmam que uma segunda tentativa ou acesso ao local, parecia mais fácil, por já ter enfrentado aquilo em um passado.

Guardada as devidas proporções, talvez este fator para alguns membros de nossa equipe no dia, mais a questão de pouca água restante foi fadigando e gerando um cansaço extra.
Começávamos a sofrer com a falta de água já no primeiro dia, pois a quantidade de litros que tínhamos versus o número de pessoas era baixa, sendo um dia quente ainda por cima e não frio, acabaríamos por consumir mais ainda.

Chegada a praia de fora.

Desolação?

Conhecida como mar de dentro na cultura local, a lagoa dos patos.

Parada para descanso.

Acabaríamos andando um pouco mais e realizando a pausa para montar o acampamento, não chegando na ponta do pinho no primeiro dia.
Acreditamos ter andando até aproximadamente este local.


Neste ponto abrigado, nosso acampamento, os ventos estavam com certa força e aumentando ao anoitecer.

Montamos acampamento, coletamos lenha para fogueira, ainda foi possível aproveitar o final de tarde tomando um grande banho de lagoa, realmente, revigorante. 

Após o relaxamento do banho e do acampamento, é chegada a hora da culinária, então os mais renomados pratos de cozinha foram elaborados sob o luar da noite e dos ventos que vinham da lagoa.

O ideal é encontrar um local abrigado com arvores e comoros de areia para se proteger, pois, os ventos são bem fortes as margens da lagoa. Mais uma dica é que os specs da barraca de nada servem la. Não fixam na areia para prender a barraca. Se faz necessário improvisar algo com gravetos, pedras, ou simplesmente, colocar peso dentro da barraca, exemplo, mochilas para evitar que elas sejam carregadas com o vento.

Com a chegada da noite, também chegou ao fim nossa água, então iniciamos uma grande jornada que consistia em: coleta da água na lagoa, filtragem inicial da mesma em uma meia de um colega, fervura da água e adição de pastilha de clorin.

Escrevendo assim, aparentemente, é uma tarefa simples, porém, não é, é bem trabalhoso, coletar a água nas ondas e margem da lagoa durante a noite por si só, já é bem trabalhoso, pois a água entra pouco no bocal da garrafa. A água de algumas garrafas foram fervidas em fogueira, o que acabou por defumar ela. A fumaça e o fogo logo envolviam o recipiente que fervia a água, algumas vezes ainda tínhamos o descuido e um leve balanco na panela que fervia, derramava toda a água, assim la íamos nós coletar, filtrar e iniciar o processo novamente.

Fizemos uma linha de produção de H2O para deixar com inveja marcas como água Sarandi e Fonte Ijuí, tratamos de encher todas as garrafas, aguardar o tempo do clorin passar, para fazer efeito e assim, saborearmos a melhor água disponível na praia de fora.

Ahhh a hora da degustação de água.

O Grande momento de degustação da água é chegado, e assim, fomos nós, cada integrante da equipe provando nossa receita de purificação de água, resultado, estava horrível kkkk. O Gosto da água misturado a areia da lagoa, juntamente com a defumação da fumaça e lenha da fogueira, e uma pitada de clorin, fez um sabor indescritível. Diante da sede que estavamos, parecia que a mesma tinha cessado em cada um, pois estávamos reabastecidos de água, porém sem vontade de tomá-la. 

Tomamos um pouco para enganar a sede e em conversa, decidimos por voltar no dia seguinte, pois somente teríamos água nestas condições para utilizar se fossemos para o Pontal.

As garrafas que foram fervidas em fogareiro ficaram com o sabor melhor do que as que foram em fogueira.

Entardecer no acampamento, lagoa dos patos, praia de fora.

Acomodações ja montadas antes da noite, com direito a banho de lagoa.

Fogo iniciando.

Nossa fábrica de água defumada.


A melhor água tônica da praia de fora, Tapes RS.

Conversamos, damos risadas e nos retiramos para o sono, afinal, pela manhã teriamos café da manhã em nosso hotel. Após tomar, partimos de volta para o camping, afirmamos o que comentamos na noite, em não continuar em virtude da água.

No inicio da manhã estava frio, o nível da lagoa havia subido, não sendo possível andar pela margem da praia, então fomos por dentro dos comoros de areia e dos pinus logo no inicio. O bom de estar ventando, frio e principalmente sem sol, é que isto faria com que necessitássemos de menos água. Agora já possuíamos este precioso recurso, contudo, não tínhamos a menor vontade de tomá-la.

Fizemos o regresso e na parte final o sol veio forte e o dia esquentou, o que nos fez suar e querer tomar água.


Preparados e com água para o retorno.

Pinus e mais Pinus.

Mais um pouco de Pinus.



Andamos metade do trecho de volta por dentro dos pinus.

Havíamos retornado para o trecho de estrada, com calor neste momento e direito a sol.
Lembramos que na vinda, passamos por uma área de galpão e uma casa, plantação de arroz, um espaço com trator e rede elétrica instalada. Sendo assim, começávamos a fantasiar em nosso imaginário com as mais eróticas e cobiçadas cenas, por exemplo, um bebedor com água gelada, ou um copo de água bem cheio e ela totalmente incolor, litros e mais litros de água, água com gás, sem, tônica, de coco, refrigerante, cerveja, tudo que fosse liquido e passível de ser bebido.

Apreçamos o passo e mesmo com mochilas pesadas atingimos uma passada que até Usain Bolt ficaria com inveja, com o único intuito, chegar a esta região com o trator e a casa e pedir água, pois isto não se nega a ninguém, não é verdade?

Chegando a casa encontramos um morador nativo de Tapes, o mesmo havia passado de moto anteriormente por nós em estrada rodeada por Pinus, Adão era seu nome. Grande pessoa, nos recebeu muito bem, perguntamos por água e ele disse que poderíamos tomar, ele tinha uma mangueira a qual com um motor tirava água de um poço recentemente reativado.
Seu Adão é um homem muito simples, humilde, mas de grande coração, nos ofereceu seu almoço que estava havia sido preparado no momento em que chegamos. Nós juntamos uma massa que tínhamos na mochila, agora com água, o arroz com galinha que ele tinha na panela de ferro e, foi um banquete.
Uma pena termos esquecido de tirar foto com ele.
Uma pessoa simples e sem grandes recursos, porém ofereceu tudo que tinha a disposição para nós. Ficamos conversando um tempo, ele pescador conhecia todos os cantos da lagoa, assim trocamos informações e nome de pontos existentes nela. A lagoa dos patos é um local que me interessa muito para prática de canoagem oceânica, cheguei a remar por lugares como a ilha do barba negra, ponta das desertas, ilha do junco, camping da varzinha, etc. Assim, trocamos e conversamos sobre ela um bom período de tempo.

O detalhe é que a primeira garrafa que foi tomada da água do poço do Adão, desceu muito mais redondo que qualquer skol, a segunda foi a na terceira ja caimos na realidade, a água era um pouco salobra, ele disse que o poço estava parrado há muito tempo, porém na situação que estávamos, era um liquido precioso e requintado.

Adão como nativo da Lagoa nos deu discas preciosas, como, por exemplo.

Morou 30 anos nas margens da lagoa e somente tomava água dela, nos garantiu que não faz mal algum. Tomava direto com a boca na beira.

De acordo com seu Adão a água da praia de dentro é mais gostosa do que a da praia de fora kkkk.
Quando a lagoa esta mexida e com marolas devido ao vento, seu sabor se altera, sendo a água mais gostosa nos dias parados, sem presença de vento.
Sendo assim, sem vento e praia de dentro, combinação perfeita de água para tomar.
Afirmou sair por qualquer lugar da região sem se preocupar em levar água, pois toma direto na lagoa.

Adão ainda frisou que já tomou água da lagoa em pontos como, ilha do junco, colônia Z3, Torotama, Saragonha, Mostardas, Barba negra, enfim, por inúmeros cantos dela, somente não caiu muito bem o gole, quando tomou do Guaíba da ilha dos marinheiros e da ilha da pintada, de acordo com o mesmos, estas águas deixaram a barriga muito pesada. Fica o alerta para os desavisados que pretenderem tomar então.

Informou para nós um acesso mais rápido para volta, mas, a fazenda de Pinus ao lado do rio jacarezinho que falamos no inicio, era esta fazendo em que estávamos. Adão estava de caseiro naquele lugar, o dono da fazenda estava passando para verificar uma irrigação de arroz, conseguimos uma carona com ele até um ponto na cidade o que fez encurtar o que restava para voltarmos ao camping.

Assim, aproveitando esta carona, regressamos e compramos o que não poderia faltar ao voltar, ÁGUA.

Agradecemos ao senhor Adão pelo tratamento e conversa.
Ficamos mais um pouco no camping e voltamos.

Como dica ao leitor que tiver interesse em realizar uma aventura ou expedição na região do Pontal de Tapes é, claro, levar água. Principalmente em um dia de verão, mas como muito bem informado por Adão, a água da praia de dentro é mais saborosa que a de fora ,então fica a dica se forem ferver para matar a sede.

Brincadeiras a parte, nunca subestime um trajeto e colete informações prévias antes. A caminhada no pontal não é difícil ou pesada, mas para um grande grupo sem água suficiente, tivemos de abortar a ideia inicial. Aparentemente em epoca de frio deve ser bem mais tranquilo que em um dia quente. Fica o aprendizado, mas de qualquer modo, valeu muito, tivemos muitas risadas, arreganhos, momentos que só estando ali teriam acontecido e, um grande banho de lagoa.





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